Review – Otherlife

Baseado no livro de ficção científica Solitaire da autora e roteirista Kelley Eskridge, o filme australiano OtherLife  teve sua data de lançamento no dia 16 de Junho de 2017 no Sydney Film Festival.

É dirigido por Ben C. Lucas, Produzido por Jamie Hilton, Janelle Landers, Aidan O’Bryan, Michael Pontin, Tommaso Fiacchino, Marco Mehlitz, Bo Hyde e roteirzado por Gregory Widen, a autora Kelley Eskridge e o diretor Ben C. Lucas. Trilha sonora de Jed Palmer, cinematografia de Dan Freene, editado por Leanne Cole e produzido pelas empresas Cherry Road Films WBMC. O elenco principal é estrelado por Jessica De Gouw, TJ Power e Thomas Cocquerel.

Sinope: Ren Amari é a pesquisadora principal de uma empresa de tecnologia que co-fundou com o empresário Sam. Usando a nano tecnologia, Ren inventa uma forma biológica de realidade virtual chamada OtherLife que pode criar memórias realistas. Uma semana antes do lançamento do produto, ela ainda está corrigindo problemas testando-se sobre si mesma sob a supervisão do engenheiro Byron Finbar. 

Começando brevemente sobre a parte técnica do filme eu dou destaque a fotografia que no geral é bem bonita, tem algumas cenas belíssimas que usam o recurso de captação da luz natural gerando o efeito Flare (quando a luz entra diretamente através das extremidades da lente) em vários momentos, bastante enquadramentos fechados e recurso de composição de imagem em sua maioria centralizada. Os efeitos visuais e cenas slow motion no mar são memoráveis. A composição de iluminação, cenários e paleta de cores sóbria são um show a parte e dão um visual meio futurista mas sem muita informação visual. A trilha sonora autoral e o desenho de som não são elementos notáveis mas satisfatórios e devidamente coordenados.

Sobre o filme em si, o roteiro tem uma premissa interessante que até consegue manter a atenção e interesse no primeiro e segundo ato, justamente pelas reviravoltas que acontecem, mas o terceiro ato acaba se perdendo com o desfecho fraco e tem atuações fracas.

No primeiro momento a história dá a entender que o ponto principal é o desenvolvimento do software Otherlife no qual a Ren está aprimorando e corrigindo os bugs juntamente com o Byron para a finalização do produto e lançamento no mercado dentro de 5 dias. Logo descobrimos que Ren está desenvolvendo um software alternativo sozinha, sem supervisão e conhecimento do sócio ou qualquer outra pessoa da empresa para fins pessoais.

“O que temos feito das nossas vidas? Nunca temos tempo livre suficiente. E quando temos, acaba logo. Imaginem se pudéssemos comprar mais tempo. Velejar no Caribe antes do trabalho, Snowboard nos Alpes na hora do almoço e mergulhar na Barreira de Coral na mesma noite. Não é uma simulação. E não é “um quase a mesma coisa”. É uma experiência genuína enviada direto ao cérebro por nossa tecnologia patenteada. As férias são só o começo. O que virá em seguida? Longa duração, interativo … Imaginem as possibilidades. Treinamento, reabilitação, terapia, anos de experiência inseridos em sua mente, como aplicativos em um computador. E apenas uma coisa a decidir: O que fará com sua OtherLife?”

Esse é o release apresentado por Sam aos investidores do projeto. Ainda no primeiro ato o sócio de Ren sugere que o software seja licenciado para uso do governo como uma alternativa às prisões; os presos ficariam presos por anos dentro de sua própria cabeça, enquanto apenas um minuto passaria em tempo real, aliviando a superação da prisão. Obviamente ela é contra esse tipo de idéia, porém incidentes futuros colaboram para que ela seja forçada a concordar em ser cobaia deste projeto governamental que se sucede no segundo ato, onde ela consegue se desvencilhar da  falha da OtherLife em sua prisão de um ano de duração. Já no terceiro ato, ao passar dos dados de sua experiência com Sam e Byron, Sam mostra com entusiasmo parte de uma análise cerebral que se correlaciona com sua experiência interativa. Quando Ren se recusa a cooperar, Sam a força abruptamente em uma prisão de segundo ano, esperando que ela mais uma vez sem saber exatamente o que aconteceu e o que causou a falha para aprendam a desenvolver experiências interativas. É a partir daí que o desfecho tinha tudo pra ser ótimo mas acaba tomando outro rumo e deixando o final decepcionante e bobo.

Pessoalmente eu acho que o filme poderia muito bem ser um episódio de Black Mirror, possui muitas semelhanças ou influencias de alguns episódios específicos em alguns aspectos ou em detalhes isolados, como o padrão/design da cela que lembra os cubículos em que as pessoas vivem em 15 Million Merits.

15 Million Merits – Black Mirror
Cena do filme Otherlife

Já o conceito do software lembra os cookies de White Christmas, só que em black mirror os cookies são uma cópia digital da consciência da pessoa em que são utilizados para inúmeros fins e que tem a percepção do tempo alterada assim como o Otherlife.

White Christmas – Black Mirror
Cena do filme Otherlife

Em San Junipero tem uma proposta parecida com a do filme, a tecnologia oferece que as consciências dos mortos ou moribundos podem ser carregadas em um sistema de realidade simulada, onde eles podem viver na cidade fantasia de San Junipero como seus outros “eu” mais jovens para sempre.

San Junipero – Black Mirror

Em Playtest tem o conceito praticamente igual ao Otherlife, a experiência com percepção de tempo alterada mas que na vida real dura 0.04 segundos, a única diferença é que a tecnologia é usada como um game.

Playtest – Black Mirror

O conceito de realidade alternativa criada na mente também lembra o filme Inception de Christopher Nolan.

Inception – A Origem

Pra quem gostou de Black Mirror ou é fã desse tipo de história, o filme é um bom passatempo, não é o melhor do gênero, embora a execução seja razoável a trama funciona.


Fonte: Wikipedia

Autoria de Dany Poynter

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